domingo, 11 de novembro de 2007

texto achado hoje, quando fuçava em blogs e descobri ser de uma pessoa muito querida para mim

Para (pára) Natália...

É dito que o elemento do meu signo é água, mas o que eu mais ouço dizerem por aí é que 'sou fogo'. Que fogo que nada... um fogaréu vivo ambulante. Mas ninguém nota a não ser que realmente preste atenção. Ninguém presta. Ninguém pára pra prestar. Eu também não. Não mais. Meu comportamento para com a vida e as pessoas hoje em dia consiste basicamente em me expôr a situações vergonhosas, constrangedoras e/ou degradantes, deliberada e propositalmente, just for the fun of it, só para afastar o tédio. Me atiro na lama de fato, com o pensamento firme de que "me emporcalho toda, mas não sou escrava de ninguém!". Eles acham feio, apontam e riem de mim. E eu rio junto e mais alto ainda. A vida é isso.

É a tal da coisa, a vida, isso de causar baixaria e de brigar em bar, quebrar garrafa e o escambau e horas depois estar dormindo com o próprio inimigo, lambidas em hematomas e feridas e mordidas sérias de um amor furioso nunca visto, atemporal. E depois termina e nada aconteceu. Minha atividade volta a ser principalmente, andar por aí, bêbada, de mão em mão, de briga em briga, de beijo em beijo. Eu sei, infante e tudo o mais, mas demorei pra me tocar de algumas coisas, mas um dia aconteceu, sem eu querer, sem eu notar. Não lembro bem o momento, nem o que fiz pra que o ESTALO acontecesse, mas aconteceu e eu fiquei ali:

"Toda e qualquer atividade é DEGRADANTE de qualquer forma, independente do que for, seja dormir na sargeta ou dormir com aquele cara que você pensou ingenuamente que era 'pra sempre' e se ferrou mais tarde."

E tem vários caras e carinhas. E eu já cambaleei pra caralho, mas custei a CAIR EM MIM. E vários deles me ensinaram a dar meus primeiros tropeços, deixando meu útero sempre em chamas, acabando comigo das melhores e piores maneiras possíveis. Depois que descobri o ditado acima, larguei a família, tomei veneno e MORRI DE RIR (da sua cara, da cara de todos eles e elas, cândidos de motel). Fui lá atrás, buscar com os meus antepassados o comprometimento com a idolatria e o amor ao sacrilégio, coisas que carrego comigo hoje. De bônus, carrego ainda todos os vícios do início ao inevitável fim: a cólera, a luxúria (magnífica) e sobretudo a MENTIRA e ainda a indolência.

E posso até ser marinheira de primeira viagem, mas tenho comigo tudo que preciso. A Náusea é minha madrinha maior, com pérolas no lugar dos dentes e conselhos sábios sobre tudo que me cerca. O resto é resto, é tudo, é nada , é invejável e libertador (meus, minhas): paixões as desmedidas, ódios somente os MÚTUOS, dores apenas as não curtidas. Orgasmos? Os únicos, os memoráveis e os múltiplos, por favor. Bilhetes de metrô. Faça o que eu digo não faça o que eu faço, moço. E é isso aí... Vai fundo!


Ou ainda seria o contrário?


Tanto faz. Acho que na altura do campeonato, pra me suportar, suportar minha seriedade e falta dela, minha paixão exacerbada, é necessário possuir um tipo atípico de integridade intelectual que deve ser levada à limites extremos. Se faz necessário ter se tornado indiferente, possuir uma inclinação - nascida da força - pro que é proibido, uma predestinação pro labirinto. A experiência de sete solidões. Ouvidos novos para músicas novas e olhos novos pro mais distante. Uma consciência nova para verdades até agora mudas. É preciso também tornar-se superior à todos em poder, grandeza de alma e em principalmente em profundo DESPREZO.

Felizmente o mundo das letras é terra de ninguém e aqui é possível o que eu quiser e não quiser. Não acho NADA glorioso bombardear cidades inteiras. Tem muito mais glamour, matar uma pessoa apenas a machadadas. Ainda mais se tem sexo antes ou depois, pouco importa, desde que TENHA, pois é essa a fórmula que funciona (concorde comigo vá... não seja hipócrita). E se quiserem me julgar, exijo que meus defensores sejam metafísicos em vez de advogados, e que o júri seja composto pelos meus pares --poetas, pervertidos, vagabundos e gênios. E se você me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar, um dia, há muito tempo atrás. Enfim... mesmo sentada num banco de réus, é sempre interessante ouvir falar da gente. Não é? Não é..?


Me ouça.


Cuidado, rapaz...


Eu posso enfiar pregos quentes em você.

http://osdesterrados.blogspot.com/2006_10_15_archive.html

Nenhum comentário: