segunda-feira, 26 de maio de 2008

gotejando

Como se gotejasse, era assim que o sangue escorria, parecendo que existia pouco daquele soberano liquido dentro do seu corpo. Adelle trancou a porta, mas pela primeira vez para não voltar mais, lá dentro abandonara não só mais da metade de seus cacarecos, mas toda lembrança daquela vida que dantes fora sua, apesar de ter sido roubada de outra que, até os dias atuais chora e maldiz Adelle, sim, mas não iria confabular sobre isso agora, é hora de ir embora, de deixar o gás aberto e esperar explodir, sim iria comprar cervejas cigarros, tinha desistido de parar de fumar, não era exatamente o momento adequado, - fumarei para sempre, me assumo tabagista, sem culpa - aconchegar-se na pracinha em frente e assistir de lá o apartamento que a trouxe tanta desgraça estourar e, com um pouco de sorte ele já terá voltado da viajem e irá pelos ares. Prédio sem zelador ninguém reclamará nem terão como abrir se o cheiro escapar. E pensou, pensou por que quis tanto aquela vida, por que raios tanto desejou ser senhora daquele homem e dona daquela casa, tanto infortúnio, o que lhe sobrou foram braços cortados sentados tomando cerveja quente esperando aquela vida pipocar. Isso não é crime já que não tem ninguém lá, direi que me feri e fui fazer um curativo, saí correndo em busca de socorro, o gás estava aberto, malditos velhos apartamentos com aquecimento a gás, pensando nisso não viu quando Birman saiu por aquele porta de ferro, carregando somente as fotos de Adelle - fotos essas que ela fez questão de esquecer, escondidas dentro de uma velha caixa, se não queimassem tornar-se-iam um banquete de traças e baratas que decidirião fazer daquela caixa sua casa e comida – colocou-as cuidadosamente dentro do carro e vendo bombeiros tentarem salvar a velha moradia.

Adelle largou o resto da lata levantou-se e caminhou ate a estação do trem jogou as chaves em lixão, pisou forte e rápido, a partir de agora Valentine

Um comentário:

Natalia Razuk disse...
Este comentário foi removido pelo autor.