Pouco me lembro daquilo tudo, passagens estranhas e areias vermelhas
Eu, tola, agradeci por você me deixar te amar
Por nos flexionarmos na vontade lasciva das nossas carnes
Sua íris delusória me enlaçou
Me encantei na ilusão dos seus lábios
E eu, tola, bendisse aquela condição
Tudo aquilo lhe pertencia
Todo o mundo se resumia em ter-te entre minhas pernas
Pouco me lembro daquilo tudo, passagens alienadas, e alguns delírios ainda teimam em me enganar
Facínora do vôo,
As pontas dos meus dedos estão apodrecendo
Por onde passo derramo pedaços de tecidos
estou purificando
e procurando pelo ladrão de mim
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
presságio
ela está por aqui de novo. a idéia era não percebe-la mais. antevejo seu balsamo. sinto minhas vértebras oscilarem. e um sopro de pavor. febre nos olhos. você ainda diz que sou difícil. não há esperança; ninguém saberá desenlaçar as fitas dos meus vestidos. ao contrario me amarrarão com força àquelas camisas.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
campo minado (girassóis)
Se eu tivesse no peito um sobejo de coragem
Um punhado de força
esperança de encontrar algo
Se eu conseguisse rasgar minha pele
Empinar minhas palavras
Se me restasse dinheiro
Eu não estaria sóbria, nem só
Se eu ainda tivesse a beleza da minha adolescência
E aquele frescor vaginal
Se minha boceta pulsasse como antes
Eu poderia me vestir com os girassóis que você me prometeu
Me despetalar
- E nos olhos a luz amarela dos girassóis?
Posso ver em tudo, tudo será iluminado por girassóis.
Eu provavelmente estarei chorando
E você estará de pau duro, arrependido de ter me entregue nua àquele campo minado.
Por algumas flores e corações partidos.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
paraisos mesmo que artificiais
São poucos os que permanecem selvagens.
Raros os que são livres.
Os que mantêm a excitação áspera de serem que realmente são.
Que caminham por estradas tortuosas.
Velejam solitários e doem.
Não conhecem verdades.
E sim, rastejam a procura de algum paraíso
Mesmo com feridas expostas que lambuzam o chão de seus quartos já fétidos.
Pois sabem que aqueles tumores serão eternos.
E quando esse dia passar, essa noite acabar e todo o sangue tiver sido jorrado lhe restarão as baratas e alguns cristais.
Os vulgares se entregam às jaulas da escravidão. Onde existe conforto. Onde tal desespero parece ter fim.
E o que me amedronta é ter de seguir
Prosseguir quando não há mais esperança
Sabendo que velejarei solitária
Que meu barco não tem leme
Que gritarei sozinha e andarei desacompanhada
Eu não quero continuar
Mas não tenho para onde voltar.
Isso é sempre um caminho sem volta
é tudo silencio
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